Às vésperas da comemoração dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, no próximo dia 9, os alemães estão vivendo um surto agudo de nostalgia. É a chamada ostalgie, ou a nostalgia dos tempos comunistas, que de vez em quando irrompe no país - isso já aconteceu em 2003, quando estreou o filme Adeus Lênin. Em sua versão 2009 não existe filme algum - o exemplar mais recente a tratar dos tempos comunistas, A Vida dos Outros, de 2007, detona qualquer ilusão de que a vida na Alemanha Oriental era melhor do que a do país unificado.
O que existe é um movimento de revalorização de marcas da velha República Democrática Alemã, provavelmente despertado pelo desencanto com a situação econômica do país, bastante afetado pela crise global. Uma reportagem no jornal Advertising Age, especializado em publicidade e marketing, mostra que uma série de marcas do velho regime faz enorme sucesso nas prateleiras das lojas de uma Alemanha capitalista como nunca.
A mais emblemática é a de um vinho espumante chamado Rotkäppchen (ou Chapeuzinho Vermelho). Nos tempos do comunismo, o kombinat que fabricava a bebida vendia 15 milhões de garrafas por ano, principalmente para os chefões do regime. Em 1991, esse número despencou para 2,9 milhões de garrafas. No ano passado, no entanto, o Rotkäppchen cravou a incrível marca de 149 milhões de garrafas, o que lhe garantiu 40% do mercado de espumantes da Alemanha.
O champanhe comunista não está sozinho nessa onda. A marca de sabão em pó Spee, hoje pertencente à Henkel, tornou-se uma espécie de ícone para a classe C alemã (se é que existe isso). Da mesma forma, a marca de produtos de beleza Florena, também chamada de “Nivea do Leste”, foi comprada pela dona da Nivea de verdade, a Beiersdorf, logo depois da reunificação e hoje é um produto estratégico para a empresa entre os consumidores que viveram na antiga RDA. O mesmo acontece com produtos como Café Rondo, Mostarda Bautzner e os tênis Zeha (uma espécie de Adidas comunista, que calçava dez entre dez estrelas das equipes olímpicas alemãs-orientais).
A única marca que ficou de fora dessa onda marqueteira foram os Pepinos Spreewald. Quem viu o filme Adeus Lênin com certeza se lembra da epopéia do personagem Alex revirando latas de lixo atrás de um pote dos malditos pepinos para atender os desejos de sua mãe saborear a iguaria. Com um apelo desse, é de se admirar que ninguém ainda tenha relançado o produto.
*Fonte: Época Negócios
* Fotos: Época Negócios/Google
PS: Tradução do título da postagem - "Saudade do Comunismo"
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Olha o que os finos e fofos disseram