segunda-feira, 6 de julho de 2009

Parar de fumar é mais difícil para as mulheres

O vício é pior para elas

Pesquisa mostra por que, para as mulheres, é mais difícil parar de fumar
Verônica Mambrini
Parar de fumar é difícil. Mas, para as mulheres, pode ser uma tarefa hercúlea. Uma pesquisa com mais de 78 mil pessoas mostrou que apenas 29,7% delas conseguiram se livrar do cigarro, ante 36,6% dos homens. "O papel da mulher cresceu na sociedade. Ela assumiu empregos que antes eram só dos homens, e passou a fumar mais", afirma o cardiologista Carlos Alberto Machado. "E a maioria delas concebe o cigarro como uma muleta para tolerar o stress."

A auditora Rosa Queiroz, 39 anos, que fuma há 20 anos, começou por prazer e apenas de vez em quando. "Vi que tinha virado fumante quando não conseguia mais controlar a vontade", conta. Em períodos de maior stress, ela chegava a consumir um maço por dia.

Hoje, reduziu para sete cigarros, mas perdeu as contas de quantas vezes tentou parar. "Acabo voltando. Já fiquei sem fumar dois anos, mas aí meu pai faleceu e eu recomecei."

Segundo o pneumologista Marcelo Gervilla, especializado em tabagismo, 60% das pessoas que buscam tratamento são mulheres. "Elas têm menor taxa de sucesso na primeira tentativa e apresentam maior recaída", afirma.

As variações hormonais ligadas ao ciclo menstrual também podem ter impacto. "No período pré-menstrual, quando ficam mais ansiosas e têm menor tolerância a contrariedades, elas podem usar o cigarro para controlar os sintomas", afirma Gervilla.

A chance de conseguir parar sozinho é de apenas 5%, de acordo com a pesquisa, encomendada pelo laboratório farmacêutico Pfizer.

De alguns anos para cá, os tratamentos têm focado em aumentar o conforto do paciente. Hoje, há três tipos de remédios contra o tabagismo: nicotina, em forma de chicletes ou adesivos, a bupropiona, um antidepressivo que ajuda a reduzir a vontade de fumar, e a vareniclina, que se liga aos mesmos neurotransmissores em que a nicotina atua, diminuindo a síndrome de abstinência.

"Cerca de metade dos homens responde bem ao tratamento com reposição de nicotina. Para as mulheres a resposta é de menos de 30%", afirma Jaqueline Issa, diretora do Núcleo Antitabagismo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo. O insucesso das mulheres é agravado por estratégias erradas, uma vez que a motivação delas para fumar é diferente. "Elas têm mais quadros de depressão e ansiedade", afirma Jaqueline.

A crise de abstinência é apontada por 50,9% dos fumantes como o obstáculo mais difícil. Para o músico Flávio Caldas, 32 anos, quase 20 de cigarro, foi a pior parte. "Passei por uma semana de mal-estar, com tontura, náusea, enjoo, dores no corpo", diz o músico, livre do cigarro há quatro anos. Ele combinou com o grupo de amigos mais próximos, todos fumantes, que parariam juntos, o que facilitou. "Tenho mais saúde, mais fôlego e passei a sentir melhor o sabor da comida", comemora.

* Fonte: IstoÉ

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