quinta-feira, 8 de abril de 2010

A trsite realidade

Por Vivian Mélo, jornalista por formação

Não me lembro exatamente em que período estava, quando na primeira aula de empreendedorismo recebi com bastante impacto uma noticia que, a priori, me deixou bastante indignada com o professor. Ele dizia: ...dos 35 alunos desta sala (digo com certeza) só um ou dois, no máximo, exercerá a profissão de jornalista, muitos irão desistir do curso e o restante não terá espaço na área! Achei aquela afirmação o pior absurdo que um professor (pior ainda, por ser de empreendedorismo) poderia AFIRMAR tal fato.

Me senti desmotivada, tive tanta raiva que chamei meu colega da cadeira ao lado e falei que o tal professor era o pior homem do mundo, que ele não tinha o direito de desmotivar uma turma com suas certezas e me levantei e fui falar com ele.

Disse como me impactou com aquelas palavras, principalmente vinda de um grande profissional do gabarito dele e ele me olhou, sorriu e no mesmo momento voltou a conversar com todos da sala de aula. Só que desta vez explicando suas palavras, disse que não era seu intuito desmotivar ninguém (o recado era para mim, pois acredito que só eu tenha me ofendido), que o que ele pretendia era nos fazer entender que o mercado de trabalho não é fácil e que para entrar nele e principalmente permanecer, temos que ter diferencial, sermos muito bons naquilo que nos propomos a fazer e principalmente gostar do que fazemos.

Hoje, quase cinco anos depois do ocorrido, consigo compreender bem o que aquele grande educador, queria nos passar, principalmente agora que me encontro desempregada e com grandes dificuldades de me inserir no mercado de trabalho, justamente por não ter levado tão a sério, mesmo tendo me sentido tão ofendida. Se naquele momento tivesse relevado o fato, envidando esforços e lutando por meus ideais profissionais, poderia ter mudado essa história que vivo hoje. Teria feito meu diferencial e hoje estaria tranqüila e desenvolvendo um trabalho com todo mérito que um verdadeiro jornalista merece.

Mesmo não atuando como jornalista, fiquei e ainda estou estarrecida com essa tal lei de imprensa, no mínimo é um insulto a todos que possuem nível superior em comunicação social, jornalismo, enfim todos os cursos superiores neste seguimento, pessoas que frequentaram faculdade para adquirirem conhecimentos específicos e principalmente poderem exercer uma profissão como todos os grandes profissionais, oferecendo credibilidade, veracidade e capacidade para atuar com competência.

Como pode um ser humano  simplesmente desmerecer todo esse trabalho acadêmico que lutamos para concretizar, simplesmente ver tudo isso ser jogado na lata do lixo, nos igualando as demais pessoas comuns, dizendo que liberdade de expressão é o que basta para fazer nosso trabalho. Se fosse tão simples assim, se a liberdade de expressão abrisse portas para o mercado de trabalho, ai quem sabe as coisas tivessem uma repercussão diferente, mas não!

Se para nós que tanto nos preparamos academicamente para exercer uma profissão que simplesmente tem o poder de refletir toda a história desse mundão de meu Deus, se nós que levamos a noticia aos ouvidos de todos não temos mais reconhecimento, o que será do nosso trabalho sendo feito por pessoa que não tem vocação e muito menos formação para fazê-lo?

Será possível que essas criaturas que redigiram e votaram essa lei, não tenham o mínimo de noção da responsabilidade que deveria ser dispensada a um jornalista ao escrever um noticia  ou ao apresentar a mesma, será que esses seres humanos, não lêem jornais, revistas, assistem jornais e mesmo assim não observam a capacidade que um profissional de jornalismo tem ao passar uma informação, o cuidado dispensado ao transmiti-la?

É claro que eles não têm essa visão, não tem mesmo já que acreditam que qualquer pessoa pode fazer esse trabalho. Agora depende da nossa classe profissional com nosso dom da palavra, não nos calarmos e aceitarmos tudo isso de braços cruzados. Sei que uma grande coisa eles não conseguiram tirar de nós, nosso conhecimento adquirido em sala de aula e vamos gritar para todos e festejar essa data que é nossa e só nossa “Dia do Jornalista”, portanto vamos marcar esse grande dia lutando pela regulamentação da nossa profissão.

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