sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Uma paixão pelo desenho da luz

Um amigo perguntou no Twitter: "Se você tivesse 20 minutos para tirar seus objetos do apto prestes a desabar, o que você levaria?" "Fotos", foi a minha resposta. Adoro fotografias e gosto delas justamente porque marcam momentos importantes da minha vida.


Antes da popularização da máquina digital, quando na nossa infância nossos pais carregavam a máquina com filme para as festinhas da escola (muitos até contratavam fotógrafos), a fotografia era realmente um registro de um momento importante.

Hoje, vemos uma banalização desse registro de momentos. Adolescentes se fotografam em tudo. Uma prima, por exemplo, tem o álbum do Orkut cheio de fotos que foram tiradas no banheiro da escola! Tudo bem que alguns momentos no banheiro da escola foram importantes para mim, como o primeiro trago num cigarro, a fuga de uma coordenadora por gasear aula ou o choro no ombro da amiga ao acabar um namoro.

Mas o fato hoje é que qualquer momento, qualquer situação, é motivo para se sacar uma câmera da bolsa e meter o dedo no botãozinho da máquina (calma amigos!). Ah, e ver a foto logo em seguida, é claro.

Sou a favor do desenvolvimento da tecnologia, claro. Admito que as máquinas digitais facilitaram e muito a nossa vida. Não sou louca de negar isso. Mas às vezes sinto saudade daqueles olhos vermelhos que o flash provocava nos amigos ou do olho fechado na principal paisagem das férias. A ansiedade e a surpresa de esperar a revelação de um filme são indiscritíveis. A grande invenção da revelação em uma hora talvez tenha marcado o início do fim desta saudosa era.

O que seria de Cartier Bresson e Sebastião Salgado (que ainda é vivo) se atuassem nos dias de hoje? Teriam sido suas fotografias tão marcantes?


Lembro de uma das primeiras frases dita pela queridíssima professora Renata Victor, na primeira aula de fotojornalismo na faculdade, numa sala do bloco A da Católica: "Fotografia. Foto = luz. Grafia = desenho. Fotografia é o desenho da luz." Pronto, de maneira tão simples ela foi capaz de traduzir uma paixão.

E para mim, poucas coisas conseguem ser mais belas que as nunaces de cinza, a perfeita junção de luzes de uma fotografia em preto e branco. Saudade do tempo em que era preciso calcular a luz para ajustar a abertura do diafragma com a velocidade de abertura o obturador.

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